Instituto de Cinema de SP

O cinema de Pedro Almodóvar

Pedro Almodóvar é importante para o cinema espanhol, e por pelo menos 3 décadas ajuda a moldá-lo e apresentá-lo ao mundo. É roteirista, diretor e produtor - sendo considerado um cineasta completo. Já conquistou prêmios importantes, como dois Oscars e Globos de Ouro, além de seis prêmios no European Film e no Goya, bem como honrarias no Festival de Cannes. Assim, vem até hoje consolidando sua carreira, que apresenta estilo original. Aqui te levaremos a diferentes épocas de sua vida, para entendermos o que formou o grande diretor que se reconhece em Almodóvar.


Origem


Pedro nasceu em 1949 na Espanha, na cidade de Calzada de Calatrava, provincia de Ciudade Real, localizada na comunidade autônoma de Castilla-La Mancha (ufa!). Sua família era tradicional, e na infância o mandou para um internato religioso em Cáceres, onde se tornaria seminarista. No entanto, desde cedo Pedro se voltou aos filmes, e cresceu assistindo aos que passavam no cinema local.


Ao fim do ensino médio, com 16 anos, embarca para Madri sozinho e sem dinheiro, com apenas a certeza de que queria fazer filmes. Sua condição não o permitia estudar, mas ainda que permitisse, a Escola Nacional de Cinema havia sido fechada pela ditadura de Franco em 1970. Com isso, Pedro deixa de lado a ideia de aprender na teoria, partindo para a prática.


O começo de tudo


Seu contato com cinema e atuação vai ganhando força quando colabora com o grupo de teatro Los Goliardos, onde se tornou pouco a pouco importante figura do movimento contracultural que veio após a morte de Francisco Franco - o Movida Madrileña, momento de liberalização cultural e ideológica.


À essa época começa a escrever artigos, cantar numa banda de punk e gravar seus primeiros curtas-metragens em sua Super-8, que conquistou com um emprego na companhia telefônica espanhola.


É em 1980 que seu primeiro longa-metragem vem ao mundo, “Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón” foi rodado com baixíssimo orçamento e participação de voluntários. A partir daí seus filmes ganharam forma, sendo mais profissionais e explorando temas complexos, como homossexualidade, distúrbios mentais - apresentado com estética kitsch - e humor afrontoso. Almodóvar se tornava um diretor provocativo.


O sucesso internacional chega com “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos”, em 1988, que conquistou diversos prêmios e foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O que sucede é uma grande filmografia, carregada de originalidade.


Filmes como “Ata-me!” (1990), “Kika” (1993), “A Flor do Meu Segredo” (1995), “Tudo Sobre Minha Mãe” (1999), “Fale com Ela” (2002), “Má Educação” (2004), e “A Pele que Habito” (2011) formam o catálogo do diretor e a construção de seu estilo que continua através dos anos.


O estilo de Almodóvar


Em seus mais de 30 anos de carreira, Almodóvar formou uma filmografia única e capaz de ser reconhecida logo de cara. As temáticas abordadas, as cores, o estilo e até mesmo atores e atrizes com quem costuma fazer parceria são marcas claras de seu cinema.


Haviam muitas mulheres em sua família, o que influenciou a maneira como a figura feminina é construída em seus filmes. O empoderamento é presente, trazendo personagens que fogem de algumas características impostas aos papéis de mulheres no cinema. Elas costumam estar no comando, demonstrando independência e sendo figura central. Atrelado a isso, está a lista de atrizes que fizeram e fazem parcerias constantes com o diretor, como Carmen Maura, Penélope Cruz, Cecilia Roth e Marisa Paredes. Penélope Cruz, aliás, ganhou visibilidade por sua atuação no filme “Carne Trêmula” (1997).


Alguns atores também foram lançados ou alavancados por conta da parceria que construíram com Almodóvar, caso de Antonio Banderas, que começa em “Labirinto de Paixões” (1982), e atua em outros, como “Matador” (1986), “Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos” (1988) e “Ata-me!” (1990), retornando em “A Pele Que Habito” (2011) como o cirurgião Robert Ledgard.


As cores também são características importantes em seus filmes, sendo o vermelho a mais marcante, como o diretor mesmo assume: “Uso o vermelho de uma maneira bem sensual – não importa a cultura, é sempre uma cor significativa”. Mas ainda assim existe mistura de cores, influência da estética kitsch - presente em suas obras desde o início. Além dessa estética estar expressa nos figurinos e na cenografia, está também nas situações que passam os protagonistas, com melodramas, dramalhões e tragicomédias.


Como conhecemos na história pessoal do cineasta, o movimento cultural Movida Madrilenha teve grande influência no começo de sua carreira enquanto artista. Isso se mostra presente até hoje, talvez com menos energia, mas mantendo certas características.


E além de tudo isso, Pedro teve educação católica, a qual rejeitou desde muito cedo. Em sua carreira procura criticar a religião. Denuncia em seus filmes, como em “Maus Hábitos” (1983) e “Má Educação” (2004), a hipocrisia e o caráter abusivo que enxerga na igreja.


Com essa pequena passagem pela história de Pedro Almodóvar, queremos deixar um convite para o curso que será ministrado aqui no InC sobre a carreira do diretor. No seguinte link você consegue entender um pouco mais sobre o que vai rolar e também já se inscrever: https://institutodecinema.com.br/curso/o-cinema-de-pedro-almodovar-4-encontros/noite 


Aproveite essa oportunidade para conhecer mais o cinema de Almodóvar e entender o que o torna um dos diretores mais reconhecidos no mundo da sétima arte!


Por Mariana R. Marques


 

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