Instituto de Cinema de SP

Years and Years é a série distópica da HBO que prevê um futuro sombrio para todos nós

A gente já viu muito roteiro mostrando realidade distópica, e esse tipo de produção quase sempre segue o mesmo estilo de narrativa, fotografia e os elementos todos a serem trabalhados numa trama. As recentes Black Mirror e The Handmaid’s Tale têm uma linguagem que é ainda um pouco próxima de nossa realidade, mas a série sobre a qual falarei hoje assusta quando pensamos no quão próximos podemos estar de seus acontecimentos. 


Years and Years é uma das últimas exibidas pela gigante HBO, e tem como premissa o seguinte: O dia-a-dia da família Lyon é uma confusão. Mas tudo parece piorar quando, em uma noite crucial de 2019, a história do clã avança quinze anos no futuro. Eles então encontram um mundo bem pior do que esperavam: mais quente, barulhento e louco. 


Bom, premissa é premissa, né!? Por essa sinopse é possível ter uma breve ideia de no que estaríamos entrando ao começar a série. Acontece assim mesmo! Pela ótica de uma família comum, no ano de 2019, começamos a acompanhar como vai o mundo. Os membros da família se comunicando por um dispositivo chamado Signor, que mantém todo mundo ligado ao mesmo tempo numa espécie de chamada de voz. 


Em uma noite a família assiste televisão e conhece uma figura que viria a ser essencial para o desenrolar da história. Vivienne Rook, interpretada pela consagrada Emma Thompson, uma política de extrema direita que “diz o que pensa” e conquista apoio justamente por isso. Parece com alguma situação que você conhece? Em sua primeira cena na série, a personagem já solta em rede nacional uma frase que a definiria bem: “Fo**-se Israel e Palestina”.


É a partir daí, com a política sempre apresentada como um dos personagens essenciais, que acompanhamos a família de perto por anos e anos, numa montagem frenética, com as crianças crescendo, amores indo e vindo e o mundo - quase que - acabando. Alguns acontecimentos são mais marcantes que outros, como Bethany, que utiliza um filtro na cara o tempo todo e deseja se tornar transumana - isso é, tornar-se digital e eterna, como arquivos na nuvem, uma mistura de homem e máquina. 


E além disso, em alguns comentários e pequenas situações, a gente fica sabendo de coisas como borboletas estarem extintas, pessoas fazendo sexo com robôs e cremação líquida; é isso mesmo, ser dissolvido após a morte e se tornar líquido. 


O ponta pé inicial definitivo se dá com o Reino Unido saindo da União Europeia, Donald Trump sendo reeleito e Rússia invadindo a Ucrânia. Questões políticas giram em torno da família, e os acompanhamos inclusive em época de eleição, além de outra questão de extrema importância: a crise dos refugiados, que com o passar dos anos toma proporções cada vez mais catastróficas e que trazem consequências diretas à família Lyon.


Esse é um dos pontos mais interessantes, mesmo num roteiro com montagem frenética, onde avançamos pelo menos 15 anos em poucos episódios, conseguimos acompanhar a vivência da família em meio a um mundo de crises política, econômica, social, climática e avanços antes impensáveis da tecnologia. 


Mas aí a gente pensa: dá pra confiar em uma série que promete falar sobre como vai o mundo todo, passando por 15 anos em poucos episódios e ainda acompanhando vários personagens? Bom, o que posso te dizer é que o roteiro está em boas mãos, com Russel T. Davies. Em sua carreira temos os títulos Queer As Folk, Bob And Rose, Casanova, Cucumber e o reboot de Doctor Who de 2005. Sobre a série, ele diz: 


“Nos últimos anos, o próprio mundo parece que vem fervendo mais forte, mais quente e insano que nunca. Parece que vivemos numa era febril. Ou estamos mais politizados que nunca ou desprezamos a política mais que nunca. Acho que no passado a maioria das pessoas equacionava a política com a economia, mas hoje estamos vendo que o que está em jogo é nossa identidade. Tive que escrever este roteiro rápido, antes que outra pessoa o fizesse! E estamos colocando no ar o mais rápido possível, antes que as coisas previstas no roteiro comecem a acontecer de fato na vida real.”


Se você curte assistir obras que te tirem do eixo e te façam refletir, Years and Years pode ser a série. A primeira temporada teve fim em junho e a distribuição é por conta da HBO. Ainda não há confirmação de uma nova temporada. Abaixo o trailer estará disponível!


Por Mariana R. Marques


 

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