Quem foi André Bazin
Conhecido como um dos principais críticos de cinema de todos os tempos, André Bazin fundou a Cahiers du Cinema, importante revista de crítica cinematográfica feita em Paris. Em 2018 foi comemorada a data em que faria 100 anos, e nesse ano lembraremos novamente a importância de sua história.
Bazin
Nascido em Angers, na França, teve formação católica e cresce com algumas tendências existencialistas. Desde cedo anseia por ensinar Literatura, e para isso estudou na École Normale Supérieure de Paris. Sempre foi um leitor árduo, e se dedica a diversos autores, como Henri Bergson, Teilhard de Chardin e, a leitura que talvez tenha sido sua maior influência, a obra do filósofo personalista Emmanuel Mounier e sua revista, Espirit.
As ideias que permeiam as obras de Mounier, como o existencialismo, foram abrindo caminhos para Bazin, dando-o conhecimento sobre outros autores. Nota-se aí a bagagem complexa que ia formando. Lê também Malraux, principalmente suas grandes obras (A Condição Humana e A Esperança), e seu ensaio sobre cinema, “Esquisse d’une psychologie du cinéma”, o qual acreditava ser um dos únicos textos de qualidade já escritos sobre o cinema falado.
Em 1944 diz que queria fazer pelo cinema o que Malraux havia feito pela arte, com quem aprendeu a entendê-la como ferramenta de impacto social, por isso acreditava na importância de um cinema real. Decidido a dedicar-se ao cinema, Bazin reprova em um teste oral na École Normale Supérieure por ser gago, e é quando começa diversas atividades que levariam grande contribuição para o cinema francês e, mais tarde, mundial. Criou cineclube, escreveu para alguns jornais e revistas até que, finalmente, em 1951 cria a Cahiers du Cinema.
Bazin morre de leucemia em 1958 com apenas 40 anos, deixando um legado importantíssimo para a história da sétima arte.
Legado para o cinema
Bazin pode não ter se tornado um acadêmico, mas ainda assim ensinou muito sobre o cinema nos cineclubes que frequentava e como editor-chefe da Cahiers du Cinema. Por muitas vezes é chamado não só de crítico, mas também teórico do cinema, alguém que traduz essa arte em sua essência.
A ideia mais presente em seus feitos é a de realismo. Pregava um cinema de estética realística, fugindo do que vinha sendo feito até então, e que permitisse ao espectador uma sensação de verdade; além da defesa em expressar os sentimentos daqueles que compunham a história, com decupagem realística e montagem invisível.
Se isso te lembra a Nouvelle Vague, não é à toa, já que Bazin é um dos principais influenciadores desse movimento. Além de suas teorias que seriam aplicadas pelos jovens críticos a compor o time de sua revista, teve grande importância para a história quando retira Fraçois Truffaut de um reformatório e o apoia a seguir carreira de crítico e cineasta.
Apesar de sua morte precoce, Bazin deixa para o cinema diversos ensaios onde vai a fundo em suas defesas como crítico e teórico. Deixa uma obra-síntese, O que é o cinema?, que ganhou nova edição onde busca-se resgatar muito do que escreveu André Bazin.
Terminaremos aqui com uma frase dita por Truffaut, que foi extremamente próximo de Bazin, para o definir: “uma espécie de santo de boina de veludo, vivendo com uma pureza total num mundo que se purificava ao seu contato”.
Por Mariana R. Marques