Instituto de Cinema de SP

10 filmes para curtir o feriado e continuar se apaixonando pelo cinema brasileiro contemporâneo

Não é segredo para ninguém nosso zelo pelo cinema nacional, e hoje é dia de trazer até vocês mais um conteúdo que pode nos fazer refletir e conhecer ainda mais o audiovisual brasileiro, que é persistente e já passou por poucas e boas.


Até 1990 os filmes brasileiros se apoiavam na Embrafilme, empresa que tornava possível sua produção e distribuição. No entanto, com o seu fim em 1990 durante o Governo Collor, a crescente produção caiu por terra e o cinema nacional passou por um momento extremamente preocupante, não tendo segurança para preservar seus investimentos. 


Em 1993, depois de muita luta, a Lei do Audiovisual foi imposta para marcar o que chamamos de “retomada” na história do cinema brasileiro. Em 1995 vimos nascer o filme emblemático da época: Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, de Carla Camurati. Apesar do que se pensava, já que o filme havia sido feito com baixo orçamento por uma diretora estreante, a obra conquistou mais de um milhão de espectadores, o que foi chocante para a época.


A época de retomada trouxe diversas outras obras, todas essenciais para que o cinema brasileiro chegasse ao que é hoje. Nos últimos 25 anos muito mudou, e essa construção - ou reconstrução - só foi possível graças ao apoio histórico deixado por todas e todos cineastas que trouxeram ao mundo o cinema singular que temos. 


Na contemporaneidade, o Brasil comporta uma grande quantidade de produções nacionais, entre séries, longas e curtas-metragens. Este foi um ano ameaçador para nosso audiovisual, com promessas de cortes vindas do mais alto poder do país; se fez necessário entender como funcionam os mecanismos de incentivo à cultura, sobretudo o audiovisual. 


Esse sentimento todo que assola o universo cinematográfico brasileiro se dá também pelo medo de perdermos projetos que trazem, em todos os anos, produções magníficas para o catálogo nacional. O cinema brasileiro cresce a cada ano que passa, e 2019 foi especial, com reconhecimentos para Bacurau e A Vida Invisível em Cannes. 


E já que é pra entrar no clima de feriado, que tal uma lista com 10 filmes do cinema brasileiro contemporâneo para conhecer e se apaixonar ainda mais pelas produções feitas pelos nossos? A seleção foi feita com a ajuda de Bruno Cucio, que é cineasta e em novembro ministrará o curso Cinema Brasileiro Contemporâneo: Os últimos 25 anos do cinema nacional


10 filmes do Cinema Brasileiro Contemporâneo


Café com Canela (2017), de Glenda Nicácio e Ary Rosa


No recôncavo da Bahia, Margarida vive em São Félix, isolada pela dor da perda do filho. Violeta segue a vida em Cachoeira, entre adversidades do dia a dia e traumas do passado. Quando Violeta reencontra Margarida inicia-se um processo de transformação, marcado por visitas, faxinas e cafés com canela, capazes de despertar novos amigos e antigos amores.


Arábia (2017), de Affonso Uchoa e João Dumans


André é um jovem morador da Vila Operária, bairro vizinho a uma velha fábrica de alumínio, em Ouro Preto, Minas Gerais. Um dia, ele encontra o caderno de um dos operários da fábrica.


As Boas Maneiras (2018), de Juliana Rojas e Marco Dutra


Ana contrata Clara, uma solitária enfermeira moradora da periferia de São Paulo, para ser babá de seu filho ainda não nascido. Conforme a gravidez vai avançando, Ana começa a apresentar comportamentos cada vez mais estranhos.


Temporada (2018), de André Novais Oliveira


Juliana está se mudando de Itaúna, no interior do estado, para a periferia de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, para trabalhar no combate às endemias na região. Em seu novo trabalho ela conhece pessoas e vive situações pouco usuais que começam a mudar sua vida. Ao mesmo tempo, ela enfrenta as dificuldades no relacionamento com seu marido, que também está prestes a se mudar para a cidade grande.


No coração do mundo (2019), de Gabriel Martins e Maurílio Martins


Em um bairro pobre e decadente, próximo a Belo Horizonte, os jovens sonham em sair da cidade para conseguir uma vida melhor. Enquanto algumas pessoas tentam seguir um trabalho digno para alcançar seus sonhos e conseguir uma vida melhor, outras preferem ir pelo trágico caminho do crime. O entrelace das vidas dos moradores do local constroem a trama, mostrando a crua realidade da cidade brasileira de Contagem.


A sombra do pai (2019), de Gabriela Amaral Almeida


Uma criança é obrigada a virar o adulto da casa porque seu pai está doente e, sua mãe, morta. Isso naturalmente cria uma inversão na ordem natural das coisas. A infância se transforma em saga, e a paternidade frustrada em condenação.


Espero Tua (Re)volta (2019), de Eliza Capai


Um retrato do movimento estudantil que ganhou força a partir do ano de 2015, ocupando escolas estaduais por todo Brasil. Acompanhando três jovens do movimento e com imagens de arquivo de manifestações desde 2013, o documentário tenta compreender as ocupações e as suas principais pautas a partir do ponto de vista dos estudantes envolvidos.


Divino Amor (2019), de Gabriel Mascaro


Joana, uma escrivã de cartório, usa sua posição no trabalho para salvar casais que chegam para se divorciar. Ela faz de tudo para levar os clientes a participarem de uma terapia religiosa de reconciliação no grupo "Divino Amor". Tudo é em nome de um projeto maior para a manutenção da família sagrada dentro da fé e da fidelidade conjugal.


Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles


Pouco após a morte de dona Carmelita, aos 94 anos, os moradores de um pequeno povoado localizado no sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade pela primeira vez. Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, Teresa (Bárbara Colen), Domingas (Sônia Braga), Acácio (Thomas Aquino), Plínio (Wilson Rabelo), Lunga (Silvero Pereira) e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.


A Vida Invisível (2019), de Karim Aïnouz


Apesar de ainda não ter estreado, esse é um filme que vem fazendo sucesso entre a crítica e cinéfilos. O filme é o indicado a representar o Brasil no Oscar. Conta a história de antigas cartas de sua irmã Guida, há muito desaparecida, surpreendem Eurídice, uma senhora de 80 anos. No Rio de Janeiro dos anos 1950, Guida e Eurídice são cruelmente separadas, impedidas de viverem os sonhos que alimentaram juntas ainda adolescentes. Veja a história destas duas mulheres, duas irmãs, tentando lutar contra as forças sociais que insistem em frustrá-las. Invisíveis em uma sociedade paternalista e conservadora, elas se desdobram para seguir em frente.


E se você gosta de cinema e sobretudo o nacional, fica atento que em novembro teremos o curso de cinema brasileiro contemporâneo. Vem saber mais!


Por Mariana R. Marques

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