Cineastas Brasileiras: Laís Bodanzky
Nascida em São Paulo, em 1969, Laís Bodansky é formada em cinema pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), e antes disso teve aulas de atuação com Antônio Fagundes. Laís iniciou sua carreira através de curtas-metragens, entre eles “Desliga Esse Troço” (1993), e “Bia Bai” (1992), este último co-dirigido com o colega Edgard Galvão, sendo reconhecidos e premiados no Festival do Minuto de 1993.
Laís teve como primeiro trabalho em cinema o curta-metragem “Cartão Vermelho” (1994), com o qual ganhou diversos prêmios, incluindo o de Melhor Direção no FestRio94. O filme mostra a história de Fernanda, uma garota vidrada em futebol que anda com um grupo de meninos, e acaba por entrar em uma jornada de descoberta com seu corpo e sexualidade.
Em 1996, Laís se juntou ao sócio e roteirista Luiz Bolognesi, e desenvolveram o Cine Mambembe, onde viajaram pelo interior do Brasil, exibindo curtas metragens brasileiros em praças públicas. Essa viagem gerou um documentário, intitulado “Cine Mambembe – O cinema descobre o Brasil” (1998), vencedor de diversos prêmios nacionais e internacionais, como o Prêmio de Melhor Filme Internacional de Vanguarda no Festival Internacional do Cinema Latino-Americano de Nova Iorque em 2000 e o prêmio de Melhor Documentário no Grande Prêmio de Cinema Brasil de 2000.
Em 2001, Laís Bodanzky fez sua estreia em longas-metragens com o filme “Bicho de Sete Cabeças”, pelo qual ganhou reconhecimento no cinema, conquistando crítica e público, levando diversos prêmios, sendo colocado na lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.
Em fevereiro de 2019, Laís foi anunciada como a nova presidente do Spcine, empresa municipal de fomento ao audiovisual da cidade de São Paulo.
Seus filmes tem como foco em suas histórias a relação entre pessoas, aproximando personagens e espectadores através de dramas universais, sendo vividos durante diversos momentos da vida, de modo individual. Além de dirigir os documentários “A Guerra dos Paulistas” (2003 ) e “Mulheres Olímpicas” (2013), Laís Bodansky assina também os seguintes filmes ficcionais:
Bicho de sete cabeças (2001)
Em seu primeiro longa, Laís nos conta a história de Neto (Rodrigo Santoro), que ao ser pego pelo pai, Wilson (Othon Bastos), com um cigarro de maconha, é internado em um manicômio, onde recebe uma série de tratamentos abusivos e acaba piorando.
O filme é baseado na autobiografia de Austregésilo Carrano, O Canto dos Malditos (1990), onde Austregésilo relata os tratamentos e abusos praticados pelo sistema manicomial brasileiro na década de 1970, e forma, junto ao longa metragem de Bodansky, um documento de denúncia. Esse também foi o filme que lançou ao mundo o ator Rodrigo Santoro, que encarna o personagem Neto com muita consistência, o que levou o ator a ganhar diversos prêmios, incluindo o primeiro Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de melhor ator.
Chega de saudade (2008)
O filme se passa durante um baile em um clube de dança em São Paulo, desde o momento em que as portas do salão são abertas, até os últimos passos na escada da frente. Acompanhamos diversos personagens dançando pela pista, juntos a música de Elza Soares e Marku Ribas, em meio a conflitos que envolvem situações de descobertas, traições e solidão.
O filme conta com um elenco de peso, com nomes como Tônia Carrero, Betty Faria e Cássia Kiss, e foi premiado no Festival de Brasília com os Troféus Candango de Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Filme (Júri Popular), sendo ovacionado de pé ao fim da exibição por todos no Cine Brasília.
As melhores coisas do mundo (2010)
Inspirado na série de livros “Mano”, de Gilberto Dimenstein e Heloisa Prieto, o filme conta a história de Mano (Francisco Miguez), um jovem de 15 anos de classe média, que vive os altos e baixos da adolescência junto aos seus colegas de escola, que passam por conflitos envolvendo bullying, problemas familiares, sexualidade e a constante pressão pelo sucesso.
O filme conta com montagem de Daniel Rezende (indicado ao Óscar de Melhor Edição por Cidade de Deus em 2002) e recebeu prêmios como Melhor filme no FICI 2011, em Madri.
Como nossos pais (2017)
Aqui nos é mostrada a história de Rosa (Maria Ribeiro), que descobre, através da mãe (Clarisse Abujamra), que seu pai na verdade não é o homem que a educou. Essa situação a leva a pensar em seu papel como mãe, como esposa e como amante, encarando a pressão social e familiar de ser a mulher perfeita, que precisa dar conta da casa, crises no casamento e trabalho. O filme nos mostra os conflitos e responsabilidades vividos por Rosa sufocando suas próprias paixões, o que a faz perceber que a vida perfeita que idealizava vai acabar ruindo eventualmente.
O longa, além de vencer diversos prêmios nacionais, concorreu no Festival de Berlim em 2017 e levou o prêmio de Melhor Filme no Festival de Cinema Brasileiro de Paris. Foi também indicado à candidatura do Oscar.
Além dos longas acima, Laís Bodansky foi uma das diretoras do filme “Mundo Invisível” (2011), longa composto por diversos segmentos, onde Bodansky dirigiu “O Ser Transparente”. Também dirigiu “Pedro” (2019), filme que fala sobre a vida de D. Pedro I (Cauã Reymond), de uma forma intimista. O filme teve o início de suas produções em 2018, mas por conta de problemas na Ancine, foi travado, e ainda não teve data de lançamento confirmada.
Por Pedro Dourado.
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