Instituto de Cinema de SP

Cinema em tempos de cólera

Hoje vivemos no Brasil e no mundo um momento atípico, para dizer o mínimo. Em muito apreensivo e assustador, tempos em que tememos algo que não podemos ver ou tocar, mas sentimos. Sentimos a angústia daqueles a nossa volta, sentimos a ausência daquilo que era tão corriqueiro, nos preocupamos com aqueles que amamos e também com aqueles que sequer conhecemos.


Serão dias em que conheceremos o melhor e também o pior de nós. Sim, existe o medo e existe o isolamento. Existe a angústia e a dor. Mas também existe o amor e o acolhimento, a empatia e a vontade de sairmos melhores, mais unidos e mais fortes dessa empreitada.


Hoje também as pessoas estão cantando umas para as outras pelas janelas de suas casas. Em todo o mundo podemos ver pessoas se voluntariando para ajudar quem possa precisar. Em todo o mundo, as pessoas estão olhando para seus vizinhos de uma nova maneira. Em todo o mundo existe a união e a esperança.


Em tempos extremos, o Instituto de Cinema deseja a todos calma e discernimento, que possamos cuidar de nós e dos nossos, que sigamos juntos, mesmo que isolados. E, tendo a esperança e a responsabilidade em mente, preparamos uma lista de indicações de filmes para aproveitar, da melhor forma que for possível, o tempo em casa. Vamos espalhar cinema e solidariedade, nada mais. Fique em casa, faça a sua parte.


Filmes para a quarentena:


Intocáveis, Olivier Nakache e Eric Toledano (2012, França)


Baseado em uma história real, o filme francês emociona ao contar a história da amizade improvável entre um milionário tetraplégico e um homem que até então vivia apenas do seguro-desemprego. Um ensina ao outro seus valores e juntos descobrem as dificuldades e a beleza da vida e criam um lindo vínculo.


Um Sonho Possível, John Lee Hancock (2009, EUA)


Também é baseado em fatos reais, o filme conta a história de Michael “Big Mike” Oher (Quinton Aaron), um jovem negro sem teto que já havia passado por diferentes lares adotivos. Leigh Anne (Sandra Bullock) começa a envolver-se com a história comovente de Michael e decide tornar-se representante legal do jovem, incentivando-o educacionalmente através do esporte. Anos depois ele se torna uma estrela do futebol americano, revelando como seu potencial estava sendo suprimido pelas condições de desigualdades. A história demonstra a importância da solidariedade e do apoio de pessoas para que jovens e adolescentes em más situações sociais possam ter oportunidades melhores de vida.


Extraordinário, Stephen Chbosky (2017, EUA)


Extraordinário conta a história de Auggie Pullman, um garoto de 10 anos que nasceu com uma deformação facial e que, após 27 cirurgias, vai finalmente frequentar uma escola regular e lidar com todas as situações difíceis e possíveis para uma criança. O filme aborda um tema extremamente importante, a inclusão e a beleza de ser diferente. Além de atentar também para as relações familiares em geral, o filme traz questionamentos sobre comportamentos em sociedade, destacando assuntos que precisam ser falados na atualidade.


Elefante Branco, Pablo Trapero (2012, Argentina)


Este filme ambicioso aborda questões sociais de uma forma sensível através do trabalho voluntário realizado por Ricardo Darín, um dos mais reconhecidos artistas argentinos da atualidade, no papel do Padre Julián. Junto ao Padre Nicolás, Julián atua numa favela argentina em busca de afastar do tráfico os jovens da comunidade e terá uma tarefa difícil a sua frente devido à realidade local. Além de demonstrar uma situação social muito parecida com a brasileira ao abordar a miséria e a violência, o filme demonstra a relevância da dedicação nos trabalhos voluntários que se empenham em educar e dar respaldo à jovens e crianças em situação de vulnerabilidade.


Colegas, Marcelo Galvão (2012, Brasil)


Após ser impactado pelas palavras incentivadoras do professor John Keating no filme A Sociedade dos Poetas Mortos, Stallone (Ariel Goldenberg), um jovem com síndrome de down apaixonado por cinema, decide que sua vida deve ser mais extraordinária. Ao lado de  Aninha (Rita Pook) e Márcio (Breno Viola), também jovens com síndrome de down, eles decidem ir atrás do sonho de conhecer o mar. Além de inspirar empatia e solidariedade, Colegas demonstra a importância em incentivar e acolher pessoas com deficiência para que desenvolvam todas suas capacidades intelectuais, físicas e emocionais, mostra também a importância do trabalho social consciente, visando práticas voluntárias baseadas no respeito à dignidade e à autonomia.


Hotel Ruanda, Terry George (2004, Reino Unido, África do Sul)


Em Hotel Ruanda, a solidariedade é a grande protagonista. Em 1994, Ruanda, país ao leste da África, foi dominada por conflitos políticos que culminaram em um genocídio entre as etnias hutu e tutsi. Cerca de um milhão de ruandeses foram mortos. Nesse cenário devastador e pouco noticiado pela mídia, Paul Rusesabagina, o gerente de um luxuoso hotel na capital, decide abrigar mais de 1.200 refugiados em seu estabelecimento, colocando em risco sua vida e de sua família. Fora das telas, Paul recebeu o Prêmio Humanitário do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados em 2005. Nesse mesmo ano, o longa recebeu três indicações ao Oscar.


A Vida é Bela, Roberto Benigni (Itália, 1997)


Vencedor de três estatuetas do Oscar, é um filme de superação emocionante e inspirador. A produção se passa durante a Segunda Guerra Mundial na Itália, quando o judeu Guido e seu filho, o pequeno Giosué, são enviados para um campo de concentração na Alemanha. Em busca de proteger o filho da violência do campo, Guido utiliza sua imaginação e bom humor para fazer com que o filho acredite que eles estão participando de um jogo, do qual devem ser campeões. O filme mostra a superação do pai, que busca modificar a realidade do filho por meio da visão que ele tem sobre as coisas que acontecem no cotidiano.


Lion, Garth Davis (2016, EUA, Austrália, Reino Unido)


Este drama baseado em um livro autobiográfico conta a comovente história do indiano Saroo Brieley, que se perdeu de seu irmão aos 5 anos em uma tumultuada estação de trens em Khandwa, indo parar em Calcutá, a milhares quilômetros de distância. Sem saber seu sobrenome ou onde vivia, Saroo (Sunny Pawar) não consegue retornar para sua família e passa a viver na rua até que é adotado por um casal australiano (Nicole Kidman e David Wenham) com bom poder aquisitivo.


Na segunda parte do filme, Saroo aos 25 anos (Dev Patel) decide se reconectar com o passado e encontrar sua família perdida que vivia em uma Índia miserável. A jornada de busca demonstra a importância das entidades filantrópicas e institutos sociais que auxiliam crianças desaparecidas, orfanatos e outras organizações responsáveis no suporte a crianças e adolescentes em situação de rua e abandono.


A Teoria de Tudo, James March (2014, Reino Unido)


Filme narra a história do físico britânico Stephen Hawking que, aos 21 anos foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa que não possui cura. Mesmo com uma perspectiva de vida ruim e se tornando cada vez mais dependente dos outros, o jovem nunca desistiu de seguir seu sonho na carreira de astrofísico. A Teoria de Tudo mostra como Stephen Hawking superou as adversidades, desde a descoberta da doença às conquistas importantes de sua carreira. Trata-se de um relato de sua jornada até se tornar um dos físicos mais consagrados da história. 


Histórias Cruzadas, Tate Taylor (2011, EUA)


Um filme repleto de personagens femininas fortes, Histórias Cruzadas conta a história de empregadas domésticas negras do sul dos Estados Unidos durante a luta pelos direitos civis. Mas mais do que um retrato da história norte americana, o filme mostra o cenário da época de um jeito mais íntimo mostrando como eram a vida destas mulheres. Em Jackson, pequena cidade no estado do Mississipi, Skeeter (Emma Stone) é uma garota que retorna a sua cidade natal determinada a se tornar escritora. Ela começa a entrevistar as mulheres negras da cidade, que deixaram suas vidas para trabalhar na criação dos filhos da elite branca, da qual a própria Skeeter faz parte.


 


Por Isabella Thebas


 

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