Instituto de Cinema de SP

Cinema Queer: Barbara Hammer

Barbara Jean Hammer nasceu dia 15 de Maio de 1939 em Hollywood na Califórnia, foi uma cineasta experimental e ativista feminista conhecida por ser uma das pioneiras do cinema lésbico e é dos maiores nomes do cinema Queer. Sua filmografia conta com mais de 40 filmes que discutem assuntos que até hoje infelizmente são considerados tabus por muitos, como a sexualidade e a relação sexual entre mulheres.


Seu principal e mais inovador trabalho foi Dyketatics (1974), um filme experimental composto por mais de 100 imagens sobrepostas umas às outras de mulheres nuas em uma floresta e seus corpos entrelaçados, segundo Hammer representa o sexo lésbico do ponto de vista de mulheres lésbicas e desprovido do olhar masculino.


Foi o primeiro de muitos filmes que exploram de forma artística as realidades vividas por mulheres lésbicas, feito em uma época em que o cinema queer era dominado por homens brancos, seu trabalho e seus filmes subsequentes abriram novas possibilidades para mulheres lésbicas no audiovisual.


Em "Multiple Orgasme" (1977), a diretora sobrepos imagens de formações rochosas com um close extremo de mão tocando uma vagina, a medida que a mulher chega perto do clímax, a edição do filme torna-se mais expressiva, zoom rápido juntamente com a paisagem árida, como se estivesse envolvida ao ato sexual, transmitindo sensações reais semelhantes ao orgasmo feminino.


Em algumas de suas artes usou os corpos do telespectadores, como na instalação "Pond and Waterfall" em 1982, onde o público cria a trilha sonora do filme através de batidas transmitidas por estetoscópios posicionados em seus corações ao mesmo tempo em que imagens de água barrenta são transmitidas.


Em seu trabalho mais recente, seguiu a mesma linha expandindo imagens em movimento além da tela, a apresentação "Evidentiary Bodies" mostra como corpos podem atuar registrando momentos do mundo exterior.


Barbara morreu no ano passado em decorrência de um câncer no ovário, é possível assistir sua trajetória lutando contra a doença em "A Horse Is Not a Metaphor" (2008), um filme repleto de sobreposições de sessões de quimioterapia.


Ela nos deixa um legado de filmes experimentais fantásticos além de trazer visibilidade às questões lésbicas, de gênero, envelhecimento e do corpo feminino.


 


Por Larissa Stubbe

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