Instituto de Cinema de SP

CRÍTICA |A Mulher na Janela

Para quem gosta de um bom suspense de prender a respiração e nos fazer desviar o olhar, o lançamento da Netflix “A Mulher na Janela” é imperdível. Com a talentosíssima Amy Adams no papel principal, o longa dirigido por Joe Wright chegou recentemente na plataforma de streaming e já marcou presença como o mais assistido da semana no país. Instigante e repleto de referências cinematográficas, se você curte o gênero, o filme é uma boa pedida para acompanhar a sua pipoca!


Apesar de decepcionar em alguns aspectos na conclusão de seu enredo, a narrativa que acompanha a - não tão confiável assim - Dr. Anna Fox prende o espectador do começo ao fim, questionando justamente a confiabilidade da personagem, e nos fazendo especular sobre o que vimos (ou pensamos ter visto). Anna é uma psiquiatra infantil que passa os dias trancada em casa tratando de sua ansiedade, agorafobia, e alguns traumas, enquanto ocasionalmente observa e acompanha a vida de seus vizinhos pela janela.


Tudo muito a lá Mr. Hitchcock, o filme brinca com o real e o imaginário, a verdade e a alucinação, para construir o suspense psicológico que se desenvolve inteiro dentro da casa da protagonista. Ela, por sua vez, se envolve em um estranho mistério com seus novos vizinhos, e acaba sendo levada a revisitar seus próprios fantasmas e até desacreditar de si mesma. A interpretação de Amy Adams nos deixa extremamente próximos e tocados pelas angústias da personagem, mas infelizmente o enredo não acompanha sua amplitude, caindo em diversos lugares comuns e deixando a desejar com personagens secundários subdesenvolvidos.


O visual do filme, entretanto, é um capítulo à parte. Construindo uma atmosfera de suspense misteriosa, ao mesmo tempo em que se compõem quadros maravilhosos, a fotografia e a arte entregam um trabalho impressionante. A direção de arte detalha minuciosamente o mundo palpável de Anna, sua casa e aquilo que foi deixado para trás dentro dela, enquanto a fotografia nos leva pela montanha russa de estados mentais da personagem. Com diversas cores, texturas, sombras, e enquadramentos elaborados, não são poucos os planos que chamam atenção esteticamente.


Tudo isso aliado a direção de Joe Wright, e ao ótimo trabalho do elenco, faz de “A Mulher na Janela” uma obra impactante, que vale a pena ser vista, principalmente pelos fãs do gênero. Mas que também desaponta, tanto por não alcançar um bom desenvolvimento do enredo, que chega a parecer remendado com seu final no mínimo esquisito, quanto por não fazer jus às tantas referências que deixa em aberto desde o início do filme.


 


Por Isabella Thebas.

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