CRÍTICA | Expresso do Amanhã: Episódios 1 e 2
O filme Expresso do Amanhã, lançado em 2013, foi o primeiro longa-metragem em inglês de Bong Joon-ho, último vencedor do prêmio de Melhor Diretor no Oscar de 2019 por Parasita. O filme, estrelado por Chris Evans (Vingadores: Ultimato), foi a produção sul-coreana mais cara da história, e teve aclamação mundial por parte de crítica e público.
Após tamanho sucesso, a Netflix comprou os direitos da produção, decidindo fazer uma nova série baseada na mesma, e também na HQ que a originou (O perfuraneve, de 1984). A produção tem como showrunner o experiente Graeme Manson, responsável pela aclamada Orphan Black (2013 - 2017), e conta no elenco com nomes como Jennifer Connelly, Daveed Diggs, Alison Wright e Steven Ogg.
A primeira temporada da série se divide em 10 episódios, com lançamentos semanais, e não todos de uma vez, como é costume da plataforma de streaming. Excepcionalmente os dois primeiros episódios da série foram lançados simultaneamente, na segunda-feira do dia 25/05, para dessa forma instigar o público a acompanhar a série, ao invés de iniciar lançando apenas um.
O primeiro episódio, intitulado “Primeiro, o clima mudou”, mostra a situação do planeta: vemos os resultados da interferência do homem na natureza, uma verdadeira Segunda Era Glacial. Com o planeta acabado e inabitável, os humanos sobreviventes se refugiaram dentro de um poderoso e quilométrico trem, onde os vagões separam as classes sociais, das mais ricas às mais necessitadas, que mesmo dentro do trem, vivendo tão próximas, ainda continuam tão distantes, recebendo os mesmos tratamentos que recebiam no mundo lá fora.
Nesse cenário de grande desigualdade, um grupo de rebeldes, formado pelos menos afortunados, vivendo no último vagão, se prepara para dar um fim na ordem imposta pelos Operadores, guardas subordinados que imperam e exercem as regras dentro de cada ambiente. O grupo dos “Fundistas”, como são nomeados, é liderado por Layton (Daveed Diggs), um ex-investigador que, inesperadamente, é convocado pelo dono do trem para ajudar a resolver um crime que aconteceu nos vagões mais a frente. Isso acaba colocando em risco o plano do Fundistas, além de deixar Layton em uma posição difícil com seus companheiros.
No segundo episódio, “Preparem-se!”, vemos a continuidade da investigação de Layton, junto a Bess Till (Mickey Sumner), uma das guardas de segurança de Melanie (Jennifer Connelly), porta-voz da organização fundadora da locomotiva, que possui uma misteriosa relação com o ‘Sr. Wilford’, o dono do trem. Layton e Bess levam uma conflituosa relação no início das investigações, mas com o passar do tempo, Bess começa a perceber que seu modo de pensar em relação aos tratamentos em cada vagão talvez não seja o mais correto. Vemos também que Layton, ao mesmo tempo em que dá continuidade às investigações de um terrível assassinato, luta para passar informações sobre o trem para os companheiros Fundistas, tentando sempre manter o plano de revolução vivo, continuando fiel ao seus ideais, mesmo depois de presenciar as riquezas e maravilhas das outras classes.
Ao analisarmos os dois primeiros episódios da série, vemos que a mesma opta por deixar diversas pontas soltas, além de não desenvolver inicialmente a questão dos assassinatos a serem investigados. Ela prefere, acertadamente, aprofundar e apresentar as tramas dos personagens que compõem os vagões, mostrando as situações que permeiam a história principal. Isso acaba se mostrando uma “faca de dois gumes”, pois ao mesmo tempo que nos envolve com suas tramas secundárias e personagens, acaba tirando demais o necessário peso para a principal andar.
Acabamos perdendo muito da tensão nas situações que envolvem suspense, elemento muito bem explorado no filme de 2013. Os embates presentes na série são sangrentos e bem viscerais, porém acabam se mostrando incompletos, ao não serem acompanhados pela tensão necessária para um envolvimento do público.
A partir disso, podemos esperar um andamento mais envolvente nos próximos episódios. Serão mais oito no total, que prometem uma história intensa, expondo a hostil desigualdade social que permeia nosso planeta.
Por Pedro Dourado.
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