Instituto de Cinema de SP

CRÍTICA | Hollywood

A minissérie Hollywood, criada por Ryan Murphy (Glee e American Horror Story) e Ian Brennan (The Politician), se passa em 1948, pós Segunda Guerra Mundial, quando o sentimento de nacionalismo prevalece. A série aborda a vida de um grupo de jovens que vão para Hollywood em busca de viver o sonho americano, e esperam obter sucesso na indústria cinematográfica. Porém para isso os personagens precisam sobreviver na cidade e obter contatos, o que acaba levando muitos deles a prostituição, como o protagonista ex-soldado Jack Castello (David Cornsweet) que sonha em ser alguém para provar a si e a sua família de que é capaz.


Em seu emprego em um posto de gasolina que serve de fachada para um esquema de prostituição, acaba conhecendo o aspirante a roteirista negro e gay Archie Coleman (Jeremy Pope), o diretor Raymond Ayslen (Darren Chris), Rock Hudson (Jake Picking) - um dos únicos papéis inspirados na vida real, considerado um dos primeiros galãs de Hollywood que teve que esconder a homossexualidade durante a vida toda para conseguir bons trabalhos - e a influente Avis Amberg (Patti LuPone) esposa do dono do estúdio fictício Ace Pictures, como sua cliente. 


Hollywood também apresenta a atriz negra Camille Washington (Laura Warrier) que sempre foi escalada para papéis menores como serviçal, e faz referência à primeira atriz negra a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz, Hattie McDaniel. E a asiática renegada ao merecido Oscar, Anna May Wong (Michelle Krusiec) que acabou se tornando na vida real referência em várias fases do cinema.


Não podemos deixar de destacar o produtor abusivo Henry Wilson baseado em fatos reais, interpretado por Jim Parsons (The Big Bang Theory), que forçava seus clientes a terem relações sexuais para conseguir alcançar a fama, além de praticar um intenso abuso psicológico.


Abordando temas polêmicos que permanecem até os dias de hoje e inclusive recentemente obtiveram relevância com o movimento #Metoo, como assédio e abuso sexual, homofobia e racismo, a série demonstra os percalços da difícil estrada da fama. A abertura da série, que mostra os personagens subindo ao topo do letreiro de Hollywood, faz uma metáfora dessa dura escalada para tornar-se alguém na indústria.


Em Hollywood cria-se um universo distante da realidade, onde tornou-se possível evoluir em diversos aspectos relacionados aos preconceitos vividos na época. Vemos os personagens a cada episódio superando desafios, se sobressaindo, e inclusive transformando paradigmas. A minissérie, apesar de fictícia com alguns fatos reais, tem o objetivo de mostrar como o mundo hoje poderia ser diferente se preconceitos do passado tivessem sido superados, e houvesse representatividade desde aquela época. Vale a pena maratonar na quarentena!


 


Por Larissa Stubbe

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