CRÍTICA | I’m not ok with this
"Querido diário, vá se foder”. Assim começa mais uma história adaptada pelo diretor Jonathan Entwistle (The end of The fuckin World), também baseada em uma HQ de Charles Forsman.
Nesta primeira temporada, acompanhamos Syd (Sophia Lillis) em seu dia a dia após a morte de seu pai, que cometeu suicídio no ano anterior. Como se as coisas não pudessem ficar piores, seu relacionamento com sua mãe não é lá dos melhores, sua melhor amiga começou a namorar o cara mais popular da escola e a deixou de lado e, aparentemente, ela faz coisas levitarem.
A história é narrada pela protagonista na medida em que faz anotações em seu diário, conforme orientações da conselheira da escola para lidar com seu luto e agressividade. Enquanto isso, Syd desenvolve uma nova amizade com Stanley Barber (Wyatt Oleff), que mora na mesma rua e a ajudará a desvendar os mistérios de seu novo poder.
A escolha de atores, em especial Lillis e Oleff, não poderia ter sido melhor. Ambos fizeram parte do elenco de “It: A Coisa”, filme baseado na história de Stephen King, e seus trabalhos anteriores combinam perfeitamente com o tom da série, que traz um ambiente adolescente mais sombrio e sobrenatural, lembrando muito “Carrie, a estranha”, outra história do mesmo autor.
Com uma aprovação de mais de 80% no Rotten Tomatoes, um dos principais temas abordados pela série é ansiedade, mas com um elemento sobrenatural. Quando a personagem se sente ansiosa e emoções frequentes em sua rotina, como a raiva, parecem que vão fazê-la explodir (como muitas pessoas, em especial adolescentes, sentem), coisas realmente explodem.
Apesar de tomar um rumo esperado pelo espectador, o roteiro não deixa de surpreender no último episódio com a reação de Syd ao bullying de um colega de turma no baile da escola, cuja consequência traz um toque ainda mais grotesco e trágico à série.
Sem conseguir fugir de muitas comparações, seja das demais séries do mesmo diretor, histórias com temática parecida, ou suas próprias referências (como “Clube dos Cinco”, de John Hughes, no episódio 5), I’m not ok with this traz um ponto de vista único e original, além do elemento de suspense na última cena, que indica uma segunda temporada cheia de potencial e possíveis respostas.
Não deixe de conferir essa nova aposta da Netflix e, enquanto isso, já esperamos a confirmação da próxima temporada!
Por Ana Clara P.S.M.O