Instituto de Cinema de SP

CRÍTICA | O Que Fazemos Nas Sombras

Um documentário sobre um grupo de vampiros que dividem uma casa na Nova Zelândia. Essa é a premissa deste mockumentary que ultrapassa qualquer e todos os limites possíveis a cada nova cena, O Que Fazemos Nas Sombras. Cada vez mais absurdo e inesperado, o filme de 2014 dirigido por Taika Waititi e Jemaine Clement arranca risos do espectador do começo ao fim.


No enredo, quatro vampiros com séculos de idade se esforçam para adaptar-se ao mundo moderno e tentar seguir suas vidas noturnas tranquilamente. Além das preocupações normais de qualquer vampiro comum, como proteger-se da exposição ao Sol e atrair companhias-refeições para seu lar, os personagens ainda precisam lidar com as questões contemporâneas de suas vidas, como dividir as tarefas de casa e conseguir frequentar boates de qualidade.


Como se já não fosse suficiente, tudo isso se agrava com a adesão de mais um integrante ao grupo, Nick, um vampiro millennial que, após sua transformação, passa a agitar mais ainda o cotidiano da casa. O grupo então se constitui de seres de diferentes épocas, ou melhor, de diferentes representações vampirescas já conhecidas do universo cinematográfico. Repleto de referências fílmicas e alusões à mitologia dos seres noturnos, a comédia faz uma reverência muito bem humorada a essa tradição.


De Nosferatu (1922) a Crepúsculo (2008), passando por Drácula (1931), Drácula de Bram Stocker (1992) e Entrevista com o Vampiro (1994), o filme não tem pudores em relação à suas inspirações. E toda essa mescla de mitos, filmes e imaginário popular acaba produzindo uma peça única, hilária, que com certeza irá agradar aqueles que pelo tema se interessam, a deleitar-se em cada piada e referência escondida.


A forma do longa é de um documentário - na maioria das vezes rs - com letreiros explicativos, entrevistas em planos médios e menções aos “câmeras”. A direção de arte é marcante pela atenção aos detalhes e pela construção desse ambiente de todas as épocas e de época alguma, misturando estilos e citações. A fotografia é sombreada e de acordo com o que se espera do universo vampiresco do filme. Mas o ponto alto da produção são as inusitadas atuações dos protagonistas, com sotaques carregados e olhares desconfortáveis. O carisma dos personagens carrega o filme do começo ao fim, deixando ao fim um gostinho de quero mais.


 


Por Isabella Thebas

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