Crítica | Perdi Meu Corpo
O longa-metragem de 2019 disponível na Netflix, Perdi Meu Corpo, é um presente daqueles que só a animação pode nos proporcionar. Um filme que tem como protagonista uma mão decepada - ágil e consciente, em busca de seu corpo perdido. É com essa premissa surreal e um pouco macabra que o diretor francês Jérémy Clapin constrói uma narrativa instigante sobre o afeto, a memória, e a incompletude.
Como descrito em sua sinopse, romance, mistério e aventura se misturam nessa obra que utiliza as lembranças de uma mão para contar a história de um jovem perdido e apaixonado. Co-escrito por Guillaume Laurant, mesmo roteirista de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, o filme é constituído por duas linhas narrativas: a saga da mão em busca de seu corpo e flashbacks dispersos da vida de Naoufel, amarrados pela presença constante, essencial e afetiva de sua mão.
Essa presença, marcada a cada plano, aparece de diferentes modos, em foco ou desfocada, como sombra e até mesmo por sua visão subjetiva. As memórias evidenciando sua importância na vida daquele que é o sujeito do filme, mas que existe apenas em segundo plano durante boa parte de seu desenrolar. Deixando a pergunta: como está agora o dono daquela parte tão essencial? E ainda, como que partes antes tão unidas podem ter sido apartadas?
Instigante e inovador do começo ao fim, o longa que vem chamando a atenção de críticos e fãs, prende e emociona o espectador com a busca da mão por aquilo que lhe foi tirado, sua busca por completar-se novamente. Em uma analogia direta com o sentimento de seu dono, que após ter muito tirado de si desde a infância, procura uma forma de se completar. Sentir se vivo e completo, em controle de sua própria vida.
Mesmo sendo o primeiro longa de Jérémy Clapin na direção, o filme já vem dando o que falar e promete inovar nesta temporada de premiações, desbancando inclusive produções da Disney. A animação tem média 81 no Metacritic e 96% de aprovação no Rotten Tomatoes. Além de vir superando as favoritas, Frozen II e Toy Story 4, em premiações de críticos nessas últimas semanas, e de ter vencido a mostra da Semana da Crítica no Festival de Cannes e o Festival de Annecy, o filme atualmente está disputando o prêmio de Melhor Animação no Critics Choices, tornando-se um grande concorrente para receber uma indicação ao tão esperado Oscar.
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Por Isabella Thebas