Instituto de Cinema de SP

Crítica | The Umbrella Academy: Temporada 2

Adaptação da Hq de Gerard Way e do brasileiro Gabriel Bá pela Dark Horse, The Umbrella Academy teve sua primeira temporada lançada em 2019, conquistando muitos fãs ao redor do mundo e recebendo elogios por críticos especializados por conseguir entender e traduzir as loucuras da obra original, satisfazendo também os admiradores dos quadrinhos. Desenvolvida por Steve Blackman, a adaptação estava sendo originalmente pensada para ser um filme, produzido pela Universal Pictures. Porém, após o projeto ser arquivado por alguns anos, a Netflix se apossou do título em 2017, e as gravações começaram a ser feitas no ano seguinte.  Com o sucesso da primeira temporada, a Netflix rapidamente renovou a série. Para seu segundo ano, que adapta o segundo volume da HQ, intitulado “Dallas”, as filmagens foram feitas entre junho e novembro de 2019.


A trama dessa nova temporada começa exatamente onde a primeira terminou: vemos o destino de cada um dos membros da família, espalhados por diferentes anos da década de 1960, na cidade de Dallas, no Texas, após fugirem do fim do mundo em 2019. Separados pela viagem no tempo, vemos cada um dos irmãos construindo novas vidas independentes uns dos outros, até que Cinco (Aidan Gallagher) descobre que o apocalipse que os Hargreeves tentaram evitar acabou seguindo-os na viagem temporal, e entra em contato com todos para salvarem o mundo nos próximos 10 dias. Em paralelo a isso, os irmãos partem em busca do pai, que de alguma forma, possui uma conexão com a morte do presidente John F. Kennedy, evento histórico que Diego (David Castañeda) está determinado a tentar impedir.


Com a trama apresentando elementos tão interessantes, os distintos personagens ganham mais uma vez grandes destaques na produção. Klaus, personagem vivido por Robert Sheehan, continua sendo o mais carismático dos irmãos, vivendo dessa vez uma situação ainda mais inusitada que as apresentadas no primeiro ano: o personagem aproveita os conhecimentos acerca do futuro, e forma uma seita com assíduos seguidores, que o adoram como se fosse uma divindade. Além de Klaus, outros dois personagens que merecem destaque são Allison e Cinco.


Allison, interpretada por Emmy Raver-Lampman, nos leva pela subtrama mais relevante e importante da trama: ela se une ao movimento dos direitos civis nos Estados Unidos, e junto a seu marido Raymond (Yusuf Gatewood), luta por igualdade para a comunidade afro-americana no país, enfrentando segregação e maus tratos. A narrativa acaba ganhando muito com a adição desse enredo. Já a participação de Cinco, personagem de Aidan Gallagher, serve como o condutor principal para a narrativa. Assim como em seu primeiro ano, Gallagher mostra todo o carisma e engenhosidade de um senhor de idade preso no corpo de infância.


Nesta nova temporada, acompanhamos uma narrativa semelhante à primeira. Porém, o roteiro se reinventa ao dar mais espaço para os irmãos se desenvolverem em cena, com cada um ganhando o devido tempo para tal tarefa. Suas tramas individuais correm de maneira bem definida e orgânica, funcionando muito bem em paralelo à principal. Com dinâmicas ainda mais inventivas do que no ano anterior, acaba se tornando muito divertido acompanhar as maluquices desse universo cheio de viagens no tempo.


As cenas de ação funcionam igualmente bem, sendo mais uma vez encaixadas de modo preciso em cena, gerando sequências empolgantes e bem filmadas. Com tudo isso, a série apresenta uma narrativa detalhada e com um ritmo bacana de se acompanhar, muito embora alguns efeitos de computação gráfica acabem pecando.


A segunda temporada de The Umbrella Academy volta repleta de tramas interessantes de serem assistidas, além de trazer assuntos muito mais maduros e pertinentes do que a primeira, conseguindo mostrar a família disfuncional cada vez mais preparada para nos entreter com as bizarrices de seu próprio universo.


 


Por Pedro Dourado.

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