Instituto de Cinema de SP

Curta | Doce de Coco

Doce de Coco é um curta-metragem de 20 minutos, lançado em 2010 e dirigido por Allan Deberton.


Deberton é um diretor e produtor cearense, responsável pelo filme Pacarrete, que chegou aos cinemas brasileiros ano passado, obra em que o cineasta consolidou escolhas de linguagem e narrativa muito autorais que despontam desde seu trabalho em Doce de Coco. Nesse curta de 10 anos atrás, Deberton retorna a sua cidade natal, Russas, para fazer um retrato do Sertão do Ceará segundo o seu olhar, belo e delicado.


O curta está disponível na página do vimeo do diretor neste link!


Confira a crítica abaixo!!


Crítica


Doce de Coco é o nome do curta-metragem de 2010 dirigido por Allan Deberton e filmado no interior do Ceará. Doce de coco é também a fonte de renda da família de Diana, e aquilo que dá ritmo à sua vida. E, doce de coco também é Diana, uma menina doce e inocente que acaba descobrindo a dureza de ser mulher ao ter a vida completamente transformada por uma gravidez adolescente. 


Na casa dos personagens, a vida passa no compasso da produção de cocada, o fogo que aquece a panela, a mão que mistura o doce, o tempo que passa em imagens contemplativas e poéticas, sempre acompanhadas de uma trilha sonora sensível e emocionante, tudo feito com muito carinho pelas mãos da protagonista.


O filme inicia-se justamente com a elaboração da rapadura e com a rotina de uma família que funciona harmoniosamente para produzi-la, onde cada um realiza com esmero a sua função. Enquanto Diana e sua mãe Lúcia preparam o doce e cuidam das tarefas domésticas, João (o caçula) recolhe os cocos e o pai, Zacarias, vende a produção. Vivem todos numa mesma casa isolada e distante da cidade. Trata-se de um ambiente árido, bruto na  mesma medida em que Diana é delicada, e que circunda toda a sua realidade.


Entretanto, antes mesmo que a personagem pudesse esperar, toda essa realidade se transforma, ao engravidar depois de, inocentemente, se envolver com um menino enquanto tomava banho de rio. Ela entra na água como uma criança que brinca, e sai para descobrir o peso - e a culpa - com que uma mulher deve lidar.


A gravidez transforma Diana e a realidade de sua casa, que não mais funciona em harmonia. Diana, além de não poder mais trabalhar ralando cocos, assiste de dentro de casa a perda de sua infância enquanto assimila a falta de perspectivas para seu futuro. Seu pai, cada vez mais violento, já não traz mais para casa o dinheiro da rapadura. E sua mãe, que antes só via para a filha o mesmo destino que o seu, uma mulher do mato, decide por tirar a menina de lá e tentar transformar seu futuro, encaminhando-a para a cidade.


Diana então despede-se com ternura de seu pai e de sua antiga vida e, dolorosamente, carregando a culpa de uma mulher, parte para viver uma vida adulta, mas ainda como apenas uma criança que come seu doce de coco.


 


Por Isabella Thebas

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