Fernanda Young, roteirista, autora, atriz e mulher necessária para nosso tempo, morreu no último domingo
Morreu na madrugada do último domingo (25) a atriz, roteirista e autora Fernanda Young. Aos 49 anos, Fernanda foi vítima de um ataque de asma seguido de parada cardíaca, à qual não resistiu. Deixa a nós uma vasta lista de criações incríveis, que muito refletem o pensamento crítico e forte que tinha sobre diversas questões da vida. E do cotidiano.
O roteiro foi muito presente em sua vida. Fernanda escreveu adaptações e criações para a TV Globo, e seus roteiros a levaram duas vezes até o Emmy Internacional de Melhor Comédia, pelas séries Separação?! (2010) e Como Aproveitar o Fim do Mundo (2012). Mostra da importância de Fernanda enquanto roteirista.
Assina também a série de sucesso Os Normais (2001-2003). Além de Minha Nada Mole Vida (2006-2007) e, a mais recente, Shippados (2019), com Tata Werneck e Eduardo Sterblitch. Muitas vezes escreveu ao lado de Alexandre Machado, que era seu companheiro desde 1993. Participou também da primeira edição do programa Saia Justa em 2002, apresentou o Irritando Fernanda Young entre 2006 e 2010 e Confissões do Apocalipse em 2012.
Além de seus roteiros, Fernanda escreveu 14 livros, com dois ainda para serem lançados. Um deles foi escrito quando tinha 17 anos, o manuscrito foi encontrado por ela recentemente e deve ser lançado em novembro. O outro, intitulado O Livro, seria uma obra mais densa, contando situações reais por meio de ficção. Esse, infelizmente, fica inacabado.
Fernanda estava se preparando para a peça que estrelaria ao lado de Fernanda Nobre em setembro. Ainda Nada de Novo estrearia em 12 de setembro. No último fim de semana a atriz descansava e se preparava para o espetáculo.
É importante enaltecer a importância de Fernanda Young enquanto mulher roteirista. Por suas criações, deu sabor diferente a produções audiovisuais de comédia na televisão brasileira. Chegando até mesmo ao cinema, com os longas-metragens de Os Normais.
Mulher roteirista. Mulher atriz. Mulher autora. Fernanda colocava em palavras sentimentos que muitas vezes não conseguimos expressar. Como em sua última coluna para O Globo. A clareza com que enxergava a situação atual que nosso país enfrenta a tornava uma pessoa ainda mais necessária. É com suas próprias palavras, de sua última coluna, que termino.
“A cafonice detesta a arte, pois não quer ter que entender nada. Odeia o diferente, pois não tem um pingo de originalidade em suas veias. Segura de si, acha que a psicologia não tem necessidade e que desculpa não se pede. Fala o que pensa, principalmente quando não pensa. Fura filas, canta pneus e passa sermões. A cafonice não tem vergonha na cara.”
Por Mariana R. Marques