Instituto de Cinema de SP

Frankenstein

Clássico do cinema e da literatura, muitos acham que Frankenstein é o nome do monstro verde com parafusos na cabeça. Mas se você é fã sabe que, na verdade, é o nome do cientista que o criou! 


Originalmente, esses dois personagens icônicos (Dr. Frankenstein e sua criatura) foram criados por Mary Shelley em 1818. Sim, uma mulher autora de uma obra considerada um clássico do terror e da ficção científica moderna. E por se tratar de uma situação tão inusitada, vamos falar aqui um pouquinho mais sobre sua vida e obra!


Mary Wollstonecraft Shelley nasceu em 1797 em Londres. Filha do filósofo William Godwin e da escritora e feminista Mary Wollstonecraft, foi criada em um ambiente acadêmico e intelectual, sempre cercada por grandes pensadores e artistas da época, tornando-se escritora, ensaísta, biógrafa e dramaturga. 


Sobre a obra original, é possível dizer que sua premissa gira em torno de um dilema ético e completamente humano entre o medo da mudança e a vontade e curiosidade que envolve o progresso, especialmente na área da ciência. E é neste ponto que se encaixa o elemento do horror: as dúvidas, questionamentos, inseguranças e incertezas todas traduzidas em uma criatura espantosa, obra da ganância de um cientista, que logo se arrepende do feito.


Todos os temas, dilemas e sentimentos que a obra desperta no leitor são o que as tornaram um sucesso, além de fazê-lo permanecer extremamente atual. A editora do jornal The Guardian, Fiona Simpson, acredita que o romance traz à tona também um questionamento fundamental de “quão longe é longe demais?” quando se diz respeito ao avanço científico e o desvendamento dos segredos da natureza. 


A própria autora certa vez afirmou que Frankenstein seria ““Uma história que pudesse falar aos misteriosos medos de nossa natureza e despertasse o arrepiante terror”. E realmente conseguiu. Além de ter mudado os rumos da literatura da época, é considerada uma das origens do gênero do terror na literatura e também um dos primeiros exemplos modernos de ficção científica.


Em razão de sua atemporalidade, o Dr. Frankenstein e sua criatura se tornaram personagens icônicos e protagonistas de diversas adaptações, primeiro para peças de teatro logo em seguida de sua publicação e, posteriormente, para o cinema. Foi a partir dessas adaptações, inclusive, que a criatura passou a ser identificada pelo nome “Frankenstein”, se apropriando do nome que, na verdade, antes era de seu criador.


A primeira delas foi o filme Frankenstein, ainda na era do cinema mudo e produzido por Thomas Edison - sim, ele mesmo; o famoso inventor da lâmpada foi também um grande empresário e um dos pioneiros do cinema - em 1910. 


Ao longo dos anos, foram mais de 50 adaptações da obra, sem contar com as aparições do querido monstro no cinema e fora dele, a exemplo dos próprios gibis da Turma da Mônica no Brasil com o personagem Frank. Além da primeira adaptação cinematográfica, mencionada acima, vale citar algumas outras igualmente marcantes: 


Frankenstein (1931)


A produção da Universal Pictures, dirigida por James Whale, foi a obra que criou e difundiu a aparência hoje mais conhecida do monstro, apesar de ser diferente da descrição do livro original. Conta com Boris Karloff no papel do famoso monstro.


A noiva de Frankenstein (1935)


Também dirigido por James Whale, nesta sequência o Dr. Victor cria uma companheira para sua primeira criatura. Contudo, o próprio cientista acaba se apaixonando por ela. O clássico ganhou uma nova versão em 1985 dirigida por Franc Roddam, chamada A prometida. O último filme que fecha a trilogia é chamado O filho de Frankenstein (1939).


Frankenstein de Mary Shelley (1994)


Mais uma história envolvendo um interesse amoroso do cientista. Aqui, o monstro a mata a noiva de Victor, que a reanima, criando a icônica cena na qual dança com sua amada recém retornada do mundo dos mortos. Dirigida por Kenneth Branagh, que também foi o intérprete do cientista Victor, é a adaptação na qual a aparência do monstro é mais parecida com a descrição original da autora (pálido e cadavérico). Além de Kenneth, o elenco conta com nomes como Robert de Niro como a criatura e Helena Bonham Carter como Elizabeth.


Frankenweenie (2012)


Esta animação de Tim Burton, baseada em seu próprio curta de 1984, também conta a história do monstro, porém criado por um garoto a partir do cadáver de seu falecido cachorrinho.


Victor Frankenstein (2015)


Uma das versões mais recentes, é contada a partir da perspectiva de Igor (Daniel Radcliffe) assistente de Victor Frankenstein (James McAvoy) quando este ainda é um jovem estudante de medicina.


Além das adaptações diretas da própria obra de Mary Shelley, os personagens do monstro e do cientista, assim como a própria história da trazer uma criatura dessas à vida, serviram também de inspiração para muitas outras até os dias de hoje, como Edward Mãos de Tesoura (Tim Burton, 1990).


Revolucionário em seu tempo de criação e sempre atual, Frankenstein é um símbolo do terror que vale a pena muito a pena ser conhecido, seja por agregar ao repertório e ser uma grande referência especialmente para quem curte o gênero, mas também pelos próprios dilemas éticos que trabalha.


 


 


Por Ana Clara P.S.M.O.

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