Instituto de Cinema de SP

Lista | Dia das Mães 2021

O cinema tem a capacidade de nos mostrar personagens ricos, cheios de relações que muito se assemelham à realidade. Portanto, para comemorar esse dia das mães, trouxemos uma lista muito especial, para aproveitarmos e assistirmos, de dentro de casa, tramas que trazem à tona a relação mais que especial que é a que temos com nossas mães.


Minha Mãe É Uma Peça (2013)


Não poderíamos começar esta lista com outro título. O grande ator Paulo Gustavo deixou sua marca nos cinemas brasileiros, e nos apresentou a uma das mães mais queridas das telonas. O filme, dirigido por André Pellenz, nos mostra uma família carioca composta por Dona Hermínia (Paulo Gustavo), Marcelina (Mariana Xavier) e Juliano (Rodrigo Pandolfo), e nos mostra o drama da mãe que, ao se divorciar do marido, que a trocou por uma mulher mais nova, se vê negligenciada pelos filhos, que se sentem sufocados pela mãe, por tratá-los como se ainda fossem crianças. Ela então decide se aventurar sozinha para visitar uma tia querida, mas não avisa ninguém, deixando os filhos se virarem em meio a responsabilidades e preocupação. 


O filme é uma grande comédia nacional, que além de consagrar Paulo Gustavo como um dos grandes nomes da história do humor e da atuação no Brasil, mantém até hoje a marca de ter uma das maiores bilheterias da história do cinema brasileiro, levando aproximadamente 4,6 milhões de pessoas para assisti-lo.


Sexta-feira Muito Louca (2003)


Clássico do canal Disney nos anos 2000 e 2010, “Sexta-Feira Muito Louca” é baseado no livro de Mary Rodgers, sendo esta a terceira vez que a história é adaptada pelos Estúdios Disney. A trama conta a história da família Coleman, mostrando o difícil relacionamento entre a filha Anna (Lindsay Lohan), e sua mãe Tess (Jamie Lee Curtis). As duas passam seus dias discutindo, sempre alheias aos problemas da outra, lidando com suas próprias responsabilidades. No entanto, ao trocarem biscoitos da sorte em um restaurante chinês, as duas acabam tendo seus corpos trocados, sendo obrigadas a aprender a lidar com os problemas da outra, até que consigam se entender, e assim, voltarem a seus corpos originais.


O filme foi um sucesso desde seu lançamento, e rapidamente se tornou um dos favoritos da Disney entre os fãs. Além de ser extremamente divertido, o longa consegue fugir de diversos clichês narrativos, contando com um roteiro criativo e boas atuações, em especial a de Jamie Lee Curtis, que rouba a cena sempre que aparece.


Que Horas Ela Volta? (2015)


Mais um filme brasileiro por aqui, “Que Horas Ela Volta?” é dirigido por Anna Muylaert, e nos conta a história de Val (Regina Casé), uma empregada doméstica que trabalha e mora na zona Sul de São Paulo, na bela casa de seus patrões. A família leva uma vida abastada de classe média alta, e trata Val como se fosse “da família”. Porém, com a chegada de Jéssica (Camila Márdila), filha de Val, a família começa a agir diferente, se mostrando incomodada com a presença da jovem, que veio prestar o vestibular, dentro da casa. 


O filme mostra muitos aspectos presentes no cotidiano brasileiro, e nos conta, através da personagem Val, uma cativante e envolvente história sobre desigualdades sociais e culturais, contando com uma excelente atuação de Regina Casé e Camila Márdila, que conseguem dosar muito bem o drama e o humor presentes no ótimo texto de Anna Muylaert.


Lady Bird (2017)


Filme que marcou a estreia de Greta Gerwig na direção, “Lady Bird” foi uma grande surpresa desde seu lançamento. O filme conta a história de Christine (Saoirse Ronan), ou Lady Bird, como ela insiste em ser chamada, uma jovem estudante do ensino médio, que pretende mudar sua vida em seu último ano letivo. A pressão que a garota sente para entrar em uma boa faculdade a leva a ter inúmeros conflitos com sua mãe (Laurie Metcalf), que não aceita que a filha queira ter uma vida longe de Sacramento, onde a família vive. Além disso, a jovem se surpreende com o primeiro amor, enquanto toma decisões erradas em relação às amizades. Em meio a tantas dúvidas e dilemas, Christine ainda precisa enfrentar as responsabilidades de ajudar a família em um momento financeiro delicado, e aos poucos aprender a lidar com a vida adulta.


O filme fala muito sobre amadurecimento, e conta com grandes atuações em seu elenco. Recebeu 5 indicações ao Oscar de 2018, incluindo Melhor Direção, Melhor Atriz e Melhor Roteiro Original.


A Noviça Rebelde (1965)


Clássico de 1965, A Noviça Rebelde é baseado no livro autobiográfico “The Story of the Trapp Family Singers”, de Maria von Trapp, e no musical de mesmo nome, feito em 1959. O filme é um dos musicais mais renomados e adorados da história do cinema, e nos conta a história da noviça Maria (Julie Andrews), que por não seguir estritamente as regras do convento onde vive, é condenada a trabalhar como governanta dos filhos do Capitão Von Trapp (Christopher Plummer), um rigoroso militar viúvo, que cria os filhos de forma rígida e dura. Os dias na grande casa passam lentamente, muito por conta do temperamento e atitudes das crianças, acostumadas a importunar e incomodar as cuidadoras anteriores. Porém, com o tempo, Maria começa a mudar a vivência na casa, transformando completamente os hábitos com que estão acostumados a viver. Músicas e brincadeiras se tornam algo frequente, e quanto mais tempo a noviça passa ao lado das crianças, mais cresce sua dúvida de voltar às suas tarefas religiosas no convento. 


O filme é um grande marco na história do cinema, contando com uma grande atuação de Julie Andrews, que dá vida a uma personagem que, ao mesmo tempo em que esbanja o carisma da atriz, nos leva ao drama familiar dentro do cenário da ascensão do nazismo na Áustria. 


Boyhood (2014)


Dirigido por Richard Linklater, esse inusitado e curioso filme levou 12 anos para ser produzido. Isso porque o diretor decidiu acompanhar, através das filmagens, diversos momentos na vida de um personagem, sendo este interpretado pelo mesmo ator. O resultado é um agradável e envolvente drama, que nos conta sobre a passagem da vida, e a conexão com as pessoas através de momentos únicos e especiais. 


No filme, Mason (Ellar Coltrane) é um garoto que está prestes a passar pela primeira grande mudança de casa. Com seus pais separados, ele e a irmã, Samantha (Lorelei Linklater), vivem com a mãe, a dedicada e esforçada Olivia (Patricia Arquette). Acompanhamos a partir daí uma série de eventos que retratam a pessoa que Mason se tornaria. Vemos suas influências, suas amizades, os momentos que passa com o pai (Ethan Hawke), e acima de tudo, enxergamos seu amadurecimento. Junto a isso, vemos também a trajetória da mãe, sempre batalhando para dar uma vida melhor aos filhos, buscando estudos e trabalho para subir na vida. E é isso que move a narrativa: o delicioso exercício de observar a evolução de cada personagem nessa família, e ver como as atitudes de um interferem na vida do outro, sempre mostrando os sacrifícios que cada um passa dentro da trama.


O destaque do filme fica com o excelente Ellar Coltrane, já que acompanhamos seus pontos de vista e decisões, e Patricia Arquette, que nos apresenta, através de decisões erradas e esforços contínuos, uma personagem muito real, uma mãe que nos convence e nos emociona, após tantas dificuldades superadas em prol dos filhos.


Além disso, o filme mostra, através dos cenários e dos personagens, as mudanças nas tecnologias, nos cortes de cabelo e nos estilos figurino, uma espécie de linha do tempo super interessante de acompanhar.


Matilda (1996)


Outro clássico na lista, desta vez um grande sucesso na “Sessão da Tarde”, esse filme nos conta a história de Matilda (Mara Wilson), uma criança que sofre dentro de casa por ter pais que a negligenciam e não dão a atenção devida à garota brilhante. Quando enfim os pais decidem colocá-la na escola, Matilda se vê em um regime controlador, onde a cruel diretora Agatha Trunchbull (Pam Ferris) controla as crianças a mão de ferro. Enquanto acompanhamos Matilda se aproximar da doce professora Jennifer (Embeth Davidtz), vemos também a garota usar seus poderes telecinéticos para livrar seus colegas de maus tratos e linchamentos.


O filme, dirigido por Danny DeVito, que também interpreta o pai de Matilda no longa, mostra o poder da gentileza no meio de tanta crueldade, e encontramos na personagem de Embeth Davidtz a bondade e a lição de aceitar o próximo como ele é, mas sem aceitar qualquer tratamento, sempre se valorizando. Apesar de trazer lições de moral costumeiras, o filme se sobressai pela trama atrativa e envolvente, tendo criatividade em apresentar cada personagem.


Valente (2012)


Longa animado da Disney Pixar, “Valente” é ambientado na região de Highlands, na Escócia, durante a Idade Média. Na trama, acompanhamos Merida, uma jovem princesa que se rebela contra o pai, que exige que a jovem escolha um pretendente entre os três príncipes do reino, a fim de que as alianças entre as famílias possam passar adiante. A atitude gera, além de conflitos com o rei e os nobres dos demais clãs, uma discussão acalorada com sua mãe, a rainha Elinor. No entanto, a situação que já se encontra difícil, se mostra um desafio ainda maior, quando um antigo inimigo ameaça novamente o reino. Merida então foge para a cabana de uma feiticeira, que a vende uma receita de um feitiço que promete mudar seu destino. No entanto, o feitiço acaba se mostrando uma perdição, e a rainha acaba por ser transformada em uma ursa. Merida então começa a correr contra o tempo, pois quanto mais sua mãe passa transformada, mais sua consciência se esvai, e a rainha começa a se transformar de fato em um animal selvagem.


O filme fala sobre temas importantes em sua trama, como conflito de gerações e empoderamento feminino. Mas o que mais encanta e nos envolve é como ele desenvolve a relação entre mãe e filha, muito baseado nas vivências da diretora e roteirista Brenda Chapman, o que traz muita verdade para dentro da tela.


 


Por Pedro Dourado.

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