Morto Não Fala vem para tornar o cinema de horror brasileiro ainda mais competente
O cinema brasileiro tem uma recente ascensão quando se trata de filmes do gênero horror/terror. Por muito tempo pudemos acompanhar produtores pisando em ovos na hora de levar pra frente projetos e roteiros que tivessem essa escolha de narrativa. Isso porque uma parcela do público brasileiro não recebia tão bem obras desse estilo.
Claro, é preciso reconhecer que filmes do gênero são produzidos há tempos em nosso país, com um exemplo muito claro: a filmografia de José Mojica Marins, um precursor do terror brasileiro no cinema. Mas ainda assim, tais produções foram e ainda são marginalizadas. Ultimamente nem tanto.
Há um bom tempo dois nomes estão trabalhando contra essa corrente que desaprova produções nacionais de terror: Juliana Rojas e Marco Dutra, uma grande dupla de roteiro e direção, que já tornou real grandes filmes de terror, como Trabalhar Cansa (2011) e As Boas Maneiras (2018). Esses dois têm servido bem ao público em terra nacional que é fã do gênero.
Mas, sem mais delongas, hoje estamos aqui para falar de mais uma produção interessante para nosso cinema. Morto Não Fala (2018), com Daniel de Oliveira e Fabíula Nascimento, é o longa de terror do bem sucedido em curtas (como Amor Só de Mãe), Dennison Ramalho.
Estreante recente em circuito nacional, o filme conta a história de Stênio, que trabalha no IML e possui um dom paranormal de se comunicar com os mortos. Trabalhando a noite, ele já está acostumado a ouvir relatos do além. Porém, quando essas conversas revelam segredos sobre sua própria vida, o homem ativa uma maldição perigosa para si e sua família.
É assim que o longa começa a desenrolar uma trama assustadora, numa estética que o público não está tão acostumado a ver quando o assunto é terror. Isso porque muitas vezes acabamos consumindo essas produções vindas de solo estrangeiro, sobretudo americano. Dessa vez nos é entregue uma produção que se aproxima muito mais da realidade nacional.
Essa aura nacional não é apresentada apenas na estética - onde temos um trabalhador do IML da periferia sendo mostrado, mas também na forma como se escolhe contar a história e como essa segue ao decorrer da obra.
Até nisso o terror de Ramalho se difere dos terrores americanizados. E isso é bom! Mesmo bebendo de características tradicionais do thriller sobrenatural, há originalidade; até mesmo ao perceber nuances de moral e política no que assistimos.
É bom citar que o filme não poupa o visual, ou seja, já que nos é apresentada uma história de terror que começa em um necrotério, corpos nus e cheios de hematomas estão presentes sem hesitação. Mas isso nos imerge ainda mais na história. Não é gratuito.
Bom, o filme marca uma época importante para o gênero de terror no cinema brasileiro, e faz isso com qualidade. Abaixo você pode conferir o trailer e se preparar para os sustos na sala de cinema.
Além de Morto Não Fala, temos outras longas de terror brasileiros a estrearem e outros já em cartaz para outubro: A Noite Amarela, Intruso, O Clube dos Canibais e Histórias Estranhas. Fica de olho e bora dar atenção para esse gênero tão legal que cresce cada vez mais no nosso cinema.
Por Mariana R. Marques