Nostalgia sobre tela
Um grupo de super-heróis que defende a Terra de ameaças cósmicas; crianças que se unem para desvendar mistérios sobrenaturais; um leão que precisa retomar seu destino como rei e uma batalha entre o bem e o mal que acontece em uma galáxia muito, muito distante.
Você provavelmente consegue identificar pelo menos um dos casos citados e deve ter visto algum deles recentemente - em uma tela de cinema, anúncios, redes sociais ou em serviços de streaming. Mas, já reparou que todos os cenários citados fazem sentido tanto para filmes e séries lançados nos últimos anos quanto para conteúdos exibidos nos anos 80 e 90? Indo além, alguns deles, inclusive, têm o mesmo roteiro, com pequenas adaptações ou um formato de exibição diferente.
A tendência nostálgica invadiu o audiovisual nos últimos anos e tem feito grande sucesso com o público - basta observarmos os 10 filmes de maior bilheteria de 2018, e em especial os três primeiros (Vingadores: Guerra Infinita; Pantera Negra; Jurassic Park: Reino Ameaçado), que possuem temáticas nostálgicas dos quadrinhos e do cinema e são filmes de franquia.
Podemos definir como nostalgia aquela sensação de saudade idealizada e anseio extremo de retornar a um lugar ou período da vida, e que é estimulado por lembranças felizes - muitas vezes relacionado à infância.
Vivemos um período audiovisual repleto de remakes, reboots, adaptações e, até mesmo, roteiros originais que trazem referências de décadas (e produções audiovisuais) passadas. Podemos citar os remakes de A Bela e a Fera, Alladin e Rei Leão, clássicas animações da Disney, agora produzidas em live action, e até mesmo séries como Black Mirror que, apesar da temática futurista e distópica, apresenta episódios com referências claras dos anos 80 e 90.
Um outro grande exemplo dessa nostalgia audiovisual é o MCU - Universo Cinematográfico Marvel, em tradução livre - uma franquia de filmes e séries que conta a história de super-heróis de diferentes épocas históricas e é baseada nas HQs da Marvel Comics. A franquia faz gigantesco sucesso, e nos apresenta um ótimo exemplo de equilíbrio entre elementos nostálgicos com temáticas atuais.
É impossível determinar exatamente o por quê desse movimento saudosista audiovisual ter resultados tão extraordinários. Talvez seja por despertar o saudosismo da infância para os que viveram tal época, ao mesmo tempo em que se apresenta um mundo desconhecido e peculiar ao público mais novo, ou até mesmo por ser um escape coletivo para um mundo infantil, mais simples e sem preocupações do que o mundo adulto.
O fato é que desde o início dos tempos as histórias são contadas e recontadas, passando por gerações e ganhando novas versões ao longo do tempo, seja na Moda, Literatura, Música, e no Audiovisual não seria diferente. Experimentamos do passado, colhemos referências e criamos novas produções com pitadas de saudosismo, nostalgia e memória.
Por Leticia Takeia