Instituto de Cinema de SP

O cinema como ferramenta de impacto social

Você já pensou no cinema como forma de mudar a sociedade? Muitas vezes nós olhamos para os filmes que assistimos apenas como entretenimento, mas pode-se considerar também o seu poder de emocionar e causar impacto nas pessoas, e somar isso a assuntos que precisam ser tratados pode fazer nascer filmes de grande valia para questões até mesmo sociais.


Existem alguns filmes que tratam de questões complexas, retratam a realidade de maneira crítica e nos fazem refletir sobre um determinado assunto, geralmente de cunho social, como a realidade da mulher periférica em “Baronesa” (2017), de Juliana Antunes. Muitas pessoas que têm contato com o filme podem refletir a respeito das diferenças que assolam nosso país. Alguns verão como a realidade em uma comunidade é diferente da sua, outros podem se identificar e possivelmente encarar a realização do filme positivamente, por possibilitar um alcance maior do que precisa ser visto e pensado. Essa reflexão e criticidade tem muito poder sobre as pessoas, é onde mora a capacidade que o cinema tem de ser uma ferramenta social, impactando o que está ao seu redor e também realidades distantes.


Uma das principais ações do cinema é a capacidade de fazer o espectador se emocionar e refletir. Isso usado para tratar de questões importantes que envolvem nossa sociedade, resulta em uma ferramenta muito poderosa para atingir as pessoas de maneira diferente.


Muitos desses filmes, infelizmente, não são levados ao grande público, por vezes marcando presença apenas em mostras especiais e festivais de cinema. Mas temos grandes exemplos nacionais que fazem sucesso aqui e no mundo, como “Cidade de Deus” (2002) e “Que Horas Ela Volta?” (2015), que alcançaram mais pessoas tratando de assuntos importantes. Para citar um documentário, presente linguagem dentro dos filmes que carregam as características de impacto social, temos “Favela Gay” (2014), que trata de homossexuais e transexuais que vivem nas comunidades do Rio de Janeiro e sua realidade. Esses filmes vão além do entretenimento, para trazer em sua narrativa questões complexas. É uma outra vertente dentro do cinema, que busca levar ao público um olhar diferente acerca do que vivemos.


É importante ressaltar aqui que toda forma de expressão dentro do cinema é válida, porém esse é um caminho a ser tomado para ir além, utilizando a influência de mídia que tem o cinema para tornar a arte uma real ferramenta de mudança.  


Para conhecer


Temos no Brasil uma cineasta que busca trabalhar dessa forma em seus filmes. Mara Mourão já produziu diversos filmes publicitários e longas metragens, e em 2005 deu início a um projeto que mudaria sua carreira e vida, com filmes de impacto social.


Mara é casada com Wellington Nogueira, fundador do Doutores da Alegria, e é a partir das histórias do marido que cria seu primeiro projeto desse estilo. “Doutores da Alegria – O Filme” (2005), foi reconhecido com prêmios em importantes festivais (como o Brazilian Festival of NY), além de conquistar atenção da Unesco, que o considerou uma obra de promoção à cultura de paz.


Daí em diante investiu em filmes que pudessem causar impacto. Em 2012 lançou “Quem se Importa”, onde conta a história de 18 empreendedores sociais ao redor do mundo, tratando de diferentes questões, como: educação, economia, meio ambiente, saúde e direitos humanos. O filme tem narração de Rodrigo Santoro e além de trazer pessoas mais conhecidas, dá visibilidade a quem carece dela.


Mara enxerga os problemas como possibilidades para pensar e dar soluções. Hoje é considerada transformadora social, justamente por levar adiante filmes que carregam essas questões.


Por Mariana R. Marques


 

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